A MATEMÁTICA CRIATIVA EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DE EXTENSÃO A PARTIR DO COMPONENTE CURRICULAR ETNOMATEMÁTICA

Iracema Campos Cusati

Docente Responsável:

Professora Adjunta - Colegiado de Matemática da Universidade de Pernambuco

Licenciada e Bacharel em Matemática pela Universidade Federal de Viçosa (1992), Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (1999) e Doutora na área de Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares pela Faculdade de Educação da USP (2013). Pós-doutora em Investigação e Docência Universitária pelo Instituto de Educação Superior Latinoamericano (2022). Professora Adjunta do Colegiado de Matemática da Universidade de Pernambuco - UPE Campus Petrolina e Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares (PPGFPPI) da UPE.
E-mail: iracema.cusati@upe.br

Entendendo que a Etnomatemática pode colaborar com a valorização dos saberes e de territórios, as atividades visaram fortalecer a identidade dos alunos da Educação Básica. Foram explorados padrões geométricos e regularidades com potencial para que os conteúdos escolares se conectassem com a própria comunidade onde vivem os discentes. Nesse sentido, a agricultura nos Projetos Irrigados de Petrolina foi foco das intervenções bem como a alimentação e a logística reversa, pois essas comunidades que alocam os estudantes atendidos pelas ações extensionistas utilizam um sistema de medição próprio desenvolvido durante anos para calcular as áreas de cultivo, controlar o tempo de plantio e a colheita, organizam a distribuição dos alimentos e detêm saberes ancestrais sobre o cultivo e a utilização dos alimentos no cotidiano.

Ao ensinar matemática para as crianças da comunidade, um professor sensível à Etnomatemática poderá integrar os saberes locais no currículo escolar. Em vez de usar apenas conceitos abstratos, os extensionistas utilizaram sistemas de medidas não padronizados porém conhecidos da comunidade local, tornando a matemática mais acessível e significativa para todos estudantes que participaram das ações.

Ações nas escolas:

Compreender a Educação Matemática como uma perspectiva para o desenvolvimento de uma matemática participativa à luz das seis dimensões da Etnomatemática (conceitual, histórica, cognitiva, epistemológica, política e educacional) se mostrou relevante pelo engessamento do componente curricular de matemática na Educação Básica que, ao longo do tempo, esteve centrado em abordagens mecânicas e simuladas de ensino. Nesse sentido, as seis dimensões da Etnomatemática (conceitual, histórica, cognitiva, epistemológica, política e educacional) foram a base da elaboração de ações pedagógicas vivenciadas em atividades escolares, in loco, visando promover o respeito à diferença, a solidariedade, a cooperação e apoiar a construção de um mundo mais justo e digno para todos.

O objetivo principal foi interligar as diferentes manifestações culturais com a cultura escolar para desenvolver um intercâmbio de ideias, procedimentos e práticas matemáticas que foram compartilhadas dialogicamente entre os participantes que têm vivências de experiências cotidianas diversas em contextos distintos. Desse modo, a intensificação da interação entre os membros de grupos culturais distintos em contextos diversos como o escolar proporcionou aos participantes (estudantes universitários, estudantes da Educação Básica e seus professores) tecer argumentos e fomentar reflexões sobre as dimensões da Etnomatemática e as possibilidades de elaboração de ações pedagógicas numa perspectiva integradora.

Conclui-se que a Etnomatemática é significada quando os estudantes começam a perceber matemática na natureza, na cultura e na política e, por conseguinte, passam a fazer inferências e elaborações críticas sobre o cotidiano em que vivem gerando, portanto, o aprofundamento de novas práticas de ensino interligadas com as suas vivências fora da sala de aula. Dessa forma, as atividades elaboradas e desenvolvidas foram contribuíram para elucidar como a matemática pode se tornar viva e articulada com situações reais no tempo e espaço colaborando para o desenvolvimento humano dos atores escolares.

As atividades foram desenvolvidas nas seguintes escolas:

- Escola Campo de Estágio: Escola Estadual Núcleo de Moradores 6 – Turma de 8º Ano do Ensino Fundamental – 25 estudantes participantes

- Escola Municipal Professora Luiza de Castro Ferreira e Silva – Jardim São Paulo – Petrolina – PE – Turma de 5º Ano do Ensino Fundamental – 30 estudantes participantes

- Colégio Municipal de Tempo Integral Cívico-Militar CAIC Misael Aguillar – Juazeiro - BA – Turma de 8º Ano do Ensino Fundamental – 32 estudantes participantes